sábado, 8 de setembro de 2007


Moça morena e ágil, o sol que faz as frutas,
o que dilata os trigos, o que retorce as algas,
faz o teu corpo alegre, os luminosos olhos
e essa boca que tem o sorriso da água.

Um sol negro e ansioso enrola-se-te nos fios
da negra cabeleira, quando estendes os braços.
Tu brincas com o sol como se fosses um esteiro
e ele deixa-te nos olhos dois escuros remansos.

Moça morena e ágil, nada de ti me abeira.
Tudo de ti me afasta, como do meio dia.
Tu és a delirante juventude da abelha,
a embriaguez da onda, a força que há na espiga.

Porém meu coração sombrio te procura
e eu amo o teu corpo alegre, a tua voz solta e fina.
Borboleta morena, suave e definitiva
como o trigal e o sol, como a papoila e a água.


Neruda

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