Ele estava chegando.
Ela meteu a mão na bolsa, remexeu, remexeu,
e só então percebeu que tinha esquecido os sorrisos em casa.
Ele abriu a porta.
Ela chamou o garçom e perguntou se havia sorrisos no cardápio.
Estavam em falta.
Ele chegou e sorriu. Ela não.
Ele sorriu outra vez. Ela disfarçou.
Ele percebeu. Ela se desculpou.
Ele entendeu. Ela chorou.
Ele tomou a mão dela em suas mãos. Ela corou.
Ele beijou cada um dos dedos dela. Ela umedeceu.
Ele chamou o garçom e pediu a conta. Ela foi ao banheiro retocar a
=
maquiagem.
Ele pagou. Ela pediu à moça loira que sorria um sorriso
=
emprestado.
Ele esperou. Ela agradeceu à moça loira que sorria pelo
=
empréstimo do sorriso.
Ele se surpreendeu. Ela sorriu.
Ele chorou. Ela nunca mais precisou pedir nem comprar sorrisos.
Ele os dava a ela, embalados em grandes caixas douradas com
=
laços de fita.
André Gonçalves
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