quarta-feira, 3 de outubro de 2007


Ele estava chegando.

Ela meteu a mão na bolsa, remexeu, remexeu,

e só então percebeu que tinha esquecido os sorrisos em casa.

Ele abriu a porta.

Ela chamou o garçom e perguntou se havia sorrisos no cardápio.

Estavam em falta.

Ele chegou e sorriu. Ela não.

Ele sorriu outra vez. Ela disfarçou.

Ele percebeu. Ela se desculpou.

Ele entendeu. Ela chorou.

Ele tomou a mão dela em suas mãos. Ela corou.

Ele beijou cada um dos dedos dela. Ela umedeceu.

Ele chamou o garçom e pediu a conta. Ela foi ao banheiro retocar a
=
maquiagem.

Ele pagou. Ela pediu à moça loira que sorria um sorriso
=
emprestado.

Ele esperou. Ela agradeceu à moça loira que sorria pelo
=
empréstimo do sorriso.

Ele se surpreendeu. Ela sorriu.

Ele chorou. Ela nunca mais precisou pedir nem comprar sorrisos.

Ele os dava a ela, embalados em grandes caixas douradas com
=
laços de fita.



André Gonçalves


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