Era uma vez
Um tanque maravilhoso.
Era uma lagoa de água cristalina e pura onde
nadavam peixes de todas as cores
e onde todas as tonalidades de verde se
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reflectiam permanentemente.
Aproximaram-se daquele tanque mágico e transparente
a tristeza e a fúria para se banharem em mútua companhia.
As duas tiraram os vestidos, e, nuas, entraram no tanque.
A fúria, que tinha pressa (como sempre acontece com a fúria),
pressionada pela urgênci, sem saber porquê,
Aproximaram-se daquele tanque mágico e transparente
a tristeza e a fúria para se banharem em mútua companhia.
As duas tiraram os vestidos, e, nuas, entraram no tanque.
A fúria, que tinha pressa (como sempre acontece com a fúria),
pressionada pela urgênci, sem saber porquê,
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banhou-se rapidamente e, ainda mais rapidamente, saiu da água.
Mas a fúria é cega ou, pelo menos,
Mas a fúria é cega ou, pelo menos,
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não distingue claramente a realidade.
Por isso, nua e apressada, pôs, ao sair,
Por isso, nua e apressada, pôs, ao sair,
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o primeiro vestido que encontrou.
E aconteceu que aquele vestido não era o dela, mas o da tristeza.
E assim, vestida de tristeza, a fúria foi-se embora.
Muito indolente, muito serena,
disposta como sempre a ficar no lugar onde estava,
a tristeza terminou o seu banho e, sem pressa, ou, melhor dito,
sem consciência da passagem do tempo,
com preguiça e lentamente, saiu do tanque.
Na margem, deu-se conta de que a sua roupa já lá não estava.
Como todos sabemos,
E aconteceu que aquele vestido não era o dela, mas o da tristeza.
E assim, vestida de tristeza, a fúria foi-se embora.
Muito indolente, muito serena,
disposta como sempre a ficar no lugar onde estava,
a tristeza terminou o seu banho e, sem pressa, ou, melhor dito,
sem consciência da passagem do tempo,
com preguiça e lentamente, saiu do tanque.
Na margem, deu-se conta de que a sua roupa já lá não estava.
Como todos sabemos,
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se há uma coisa que não agrada à tristeza é ficar nua.
Por isso vestiu a única roupa que havia junto do tanque:
o vestido da fúria.
Contam que, desde então,
muitas vezes nos encontramos com a fúria,
Por isso vestiu a única roupa que havia junto do tanque:
o vestido da fúria.
Contam que, desde então,
muitas vezes nos encontramos com a fúria,
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cega, cruel, terrível e agastada.
Mas se nos dermos tempo para olhar melhor, apercebemo-nos
de que esta fúria que estamos a ver não passa de um disfarce e,
por detrás do disfarce da fúria, na realidade,
Mas se nos dermos tempo para olhar melhor, apercebemo-nos
de que esta fúria que estamos a ver não passa de um disfarce e,
por detrás do disfarce da fúria, na realidade,
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está escondida a tristeza.
Jorge Bucay
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