sexta-feira, 14 de dezembro de 2007


Para onde é que vão os versos

que às vezes passam por mim

como pássaros libertos?



Deixo-os passar sem captura,

vejo-os seguirem pelo ar

- um outro ai, de outros jardins...



Aonde irão? A que criaturas

se destinam, que os alcançam

para os possuir e amestrar?



De onde vêm? Quem os projeta

como translúcidas setas?

E eu, por que os deixo passar,

como alheias esperanças?



Cecília Meireles

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