domingo, 13 de janeiro de 2008


Podemos falar dos sentimentos, descrever as
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impressões que nos ameaçam, e revelar o vazio
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que se descobre na ausência: nada,
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porém, é tão inquietante como a dúvida, o não saber de ti,
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agora que a tarde começa a descer e, com ela,
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todas as sombras da alma.

É verdade que o amor não é apenas um registo de memórias.

É no presente que temos de o encontrar: aí, onde a tua imagem

se tornou mais real do que tu própria,
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mesmo que nada te substitua.

Então, é porque as palavras são supérfluas;
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mas como viver sem elas?

Como encontrar outra forma de te dizer que o amor
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é esta coisa tão estranha, dar o que nunca se poderá ter,
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e ter o que está condenado a perder-se?

A não ser que guardemos dentro de nós, num canto de um e
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outro a que só nós chegamos, sabendo que esse pouco que
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nos pertence é tudo o que cabe neste sentimento.
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Nuno Júdice

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