Primeiro, começou a sentir um cheiro familiar:
era o cheiro de terra molhada, de caruma, das folhas
a aprodecer no solo escuro e rico.
Depois começou a sentir a pele,
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através da brisa suave que soprava.
A seguir, despertaram os ouvidos e o ruído da mesma brisa
a roçar as folhas das árvores.
Tacteou e sentiu um tecido macio, embora algo frio,
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onde estava deitada.
Perto de si sentiu um barulho, diverso do do vento nas árvores.
Era Alguém.
Depois, sentiu os olhos e achou que talvez os pudesse abrir.
Abriu e olhou em volta.
Por cima de si, as copas das árvores.
Abaixo, o tecido de cetim vermelho onde estava deitada.
Ao lado, uma voz!
- Bolas! Até que enfim, Bela Adormecida!
- O que me aconteceu?
- Oh, deste uma dentada numa maçã encantada e
=
estiveste a dormir uma data de tempo.
- Ai foi?
- Sim. Até que cheguei eu, tirei a maçã, e estava aqui à espera.
Ela levantou um pouco o corpo e apoiou-se no cotovelo.
- Espera - disse - já estou a ver o filme, ou melhor, a história.
Mas afinal quem és tu?
- Sou a tua fada madrinha!
- Não era suposto seres um príncipe? E teres-me dado o beijo?
- Bem, querida, lamento desiludir-te, mas já não há Príncipes.
As mulheres não tiveram preocupação com esse assunto,
=
durante o tempo em que dormiste,
=
e agora são uma raça em vias de extinção.
=
Ainda havia um mas tinha uma agenda muito preenchida
=
e não conseguimos que viesse cá uma horita dar-te o beijo.
- Então estive aqui à espera da melhor parte da história,
=
para nada?
- Quê? O Beijo?
Ai, ai, ai, vamos lá fazer o upgrade!
A melhor parte da história continua a ser agora.
Vamos dar-te um banho, depois umas massagens relaxantes
num SPA ma-ra-vi-lho-so - tenho convites!
Depois, uma sessão de comprinhas e à noite,
se não estivermos muito cansadas, vamos tomar um copo.
Afinal, com tanto tempo de sono de beleza,
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há que ir colher os frutos.
- Quem sabe uma maçã...
- Por enquanto não queremos mais nada com maçãs,
=
minha querida.
Desconheço o autor do texto
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