quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Encontro



Nunca são as coisas mais simples
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que aparecem quando as esperamos.
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O que é mais simples, como o amor,
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ou o mais evidente dos sorrisos,
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não se encontra no curso previsível da vida.
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Porém, se nos distraímos do calendário,
=
ou se o acaso dos passos nos empurrou
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para fora do caminho habitual,
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então as coisas são outras.
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Nada do que se espera transforma o que somos se não for isso:
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um desvio no olhar;
=
ou a mão que se demora no teu ombro,
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forçando uma aproximação dos lábios.
=
Nuno Júdice

Invento-te


Penso em ti como um desejo interrompido

Que se teceu na minha memória.

E sonho-te mais do que te recordo.

Seleciono.

Invento-te um nome, um rosto.

Reconstruo.

Reconstruo-te.

Peça a peça.

Minuciosamente – real ou irreal,

Assim te lembro.


Amélia Pais

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


Tu sabes,

conheces melhor do que eu

a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam

e roubam uma flor

do nosso jardim.

E não dizemos nada.

Na Segunda noite, já não se escondem:

pisam as flores,

matam nosso cão,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

o mais frágil deles

entra sozinho em nossa casa,

rouba-nos a luz, e,

conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.



Eduardo Alves da Costa

Primavera



Primavera é

quando ninguém mais espera

Primavera é
=
quando do escuro da terra ascende a música da paixão

Primavera é

quando ninguém mais espera e desespera tudo em flora

Primavera é

quando ninguém acredita e ressuscita...
=
Por amor


Miguel Wisnik

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Um tão perto, tão longe



Oi, quer teclar?

Podemos tentar...

De onde você é? Quantos anos? O que faz? Do que gosta?

Nossa... quanta pergunta!

Tudo bem, eu exagerei, acho que lhe assustei.

E conversamos um dia, dois dias... um ano...

Um verão... um outono...

Eram poucas "horas" no começo...

depois viramos tudo pro avesso

Era de tarde... de noite... de madrugada,

Não tinha mais hora marcada.

Eu corria pro computador e quando não o encontrava...

Ai que dor!

Eu gostava das suas palavras...

Até daquela risada que eu não podia ouvir,

Mas que o meu coração podia sentir.

Oi... tava te esperando!!!

Oi amor... eu tava trabalhando.

Como o amor virtual... não tem igual


A gente diz tudo que pensa, tudo que precisa,

Tudo que é permitido e até o que é proibido.

Ele é bonito, ela é maravilhosa,

Ele é sensual, ela é gostosa.

Ele é inteligente, ela tem um jeitinho carente

Ele é alegre, ela é ciumenta, ele anima, ela movimenta.

Amor... eu tô com saudade


Eu também, tô até com vontade...

Era sexo virtual...

E era gostoso... virava uma história.

Era fantasia misturada com alegria

Mas também rolava amor...

E quando acabava, restava um gostinho de cumplicidade.

Tinha até o aconchego

E no outro dia, de novo,

Nos fazíamos companhia.

É, esse danado de amor virtual viciiiiia!

A gente fica dependente daquele carinho

Daquele ninho

Daquele amor eletrônico

Daquele carinho astronômico.

Oi Amor!


Oi meu bem...

Hummmm...O que você tem?

Tô sentindo uma tristezazinha...

Vontade de lhe tocar... de lhe ver e de lhe beijar...

E nessa hora era uma chateação.

Porque eu o tinha, mas ele não era meu,

Eu era dele, mas ele não me tinha...

Ô coisa complicada.

Era um amor virtual, mas era real...

Todo dia de manhã o meu sorriso se iluminava


E quando puxava meus mails

Nem queria saber de quem veio

Ia direto na listinha do correio

Procurando o seu e-mail...

Até que saltava aos meus olhos

Meu amor, hoje vou demorar a aparecer,

Tô no trabalho, pensando em você...

Daquelas palavras eu me alimentava

Eu as comia, eu as bebia, eu as sonhava.

O assunto não terminava

Mas se eu quisesse dava pra resumir

E em bem poucas palavras...

Eu te amo!

A gente tinha uma afinidade

Uma sintonia, um amor tão grande.

Uma eterna energia...

Fazíamos planos... vivíamos de sonhos.

Tinha hora que parecia

Que tudo ia ser verdade... que bobagem.



Um dia ele me falou:

Amor, tenho tanto medo que isso acabe

De você se afastar

De me fazer perceber que tudo acabou...

Eu respondi:

Não tem como, meu amor

Não vou me afastar... com isso pode contar.

Era tão bom saber que ele tinha essa preocupação,

Porque eu todo dia pensava:

Ai meu Deus, e se ele conhecer outra pessoa?

Como vou lidar com ausência?


Bonequinha, esse fim de semana vou viajar, uns amigos vou encontrar

Adoraria lhe levar!

Aí nesse fim de semana eu ficava amargurada

Até chorava...

Uma saudade, uma solidão

Um medo... uma insatisfação...

Navegava em sites de poesias

Fazia umas rimas e sofria.

Entrava em sites de horóscopos

Mapa astral, anjos e o escambal

Tudo pra ver se aquela nossa relação era normal.

E quando finalmente chegava segunda-feira

Eu esquecia toda aquela besteira.

Meu amorzinhoooooooooooo!!!!!

Que saudade... nem valeu a pena a viagem,

Longe de você é desse jeito...

Nada fica perfeito.



Aí nesse dia comecei a pensar...

Que coisa estranha...

Onde nessa história é o meu lugar?

Pois se vivemos sempre longe

Se nem nos conhecemos...

Por quê tanto sofremos?

Acho que ele pensou igual,

Começamos a nos afastar

Sem nada dizer

Sem nada reclamar

O para sempre

Acabou sendo uma ilusão que morreu...


Mas ainda hoje eu me lembro dele

Com saudade... com carinho e com amizade.

É , foi assim... ele passou por mim

E eu fui atrás... e foi bom demais.



E você? Já viveu isso? Ou não?

Fala a verdade... abre seu coração!




Recebi por e-mail e não resisti.

Não sei quem escreveu mas com certeza algumas pessoas já viveram.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Saudade


Trocaria a memória de todos os beijos que me deste

por um único beijo teu.


E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua,

de um único beijo que te dei...


Miguel Esteves Cardoso

Khalil Gibran


Somos todos prisioneiros,

mas alguns de nós estão em celas com janelas,

e outros sem.

De Khalil Gibran

Fernando Pessoa


Saúdo-vos e desejo-lhes sol,
=
E chuva, quando a chuva é precisa.

Fernando Pessoa

domingo, 10 de fevereiro de 2008



Não sei fingir que amo pouco quando em mim ama tudo.


Vergílio Ferreir

Ausência


Quero dizer-te uma coisa simples:

a tua ausência dói-me.

Refiro-me a essa dor que não magoa,

que se limita à alma; mas que não deixa,

por isso, de deixar alguns sinais

um peso nos olhos, no lugar da tua imagem,

e um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes

tivessem roubado o tacto.

São estas as formasdo amor, podia dizer-te;

e acrescentar que as coisas simples também podem ser

complicadas, quando nos damos conta

da diferença entre o sonho e a realidade.

Porém, é o sonho que me traz a tua memória;

e a realidade aproxima-te de ti,

agora que os dias correm mais depressa,

e as palavras ficam presas numa refração de instantes,

quando a tua voz me chama de dentro de mim

e me faz responder-te uma coisa simples,

como dizer que a tua ausência me dói.


Nuno Júdice