quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dois


Debaixo de minha mesa tem sempre um cão faminto

Que me alimenta a tristeza.

Debaixo de minha cama tem sempre um fantasma vivo

Que perturba quem me ama.

Debaixo de minha pele alguém me olha esquisito

Pensando que eu sou ele.

Debaixo de minha escrita há sangue em lugar de tinta

E alguém calado que grita.



Affonso Romano de Sant' Anna

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