terça-feira, 5 de agosto de 2008

Mulher


Plena mulher, maçã carnal, lua quente,

Espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,

Que obscura claridade se abre entre tuas colunas?

Que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,

Com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:

Amar é um combate de relâmpagos e dois corpos

Por um só mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,

Tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,

E o fogo genital transformado em delícia

Corre pelos tênues caminhos do sangue

Até precipitar-se como um cravo nocturno,

Até ser e não ser senão na sombra de um raio.



Pablo Neruda

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