Hoje te canto e depois no pó que hei de ser
Te cantarei de novo.
E tantas vidas terei
Quantas me darás para o meu rosto outra vez amanhecer
Tentando te buscar.
Porque vives de mim,
Sem Nome,
Sutilíssimo amado, relincho do infinito e vivo
Porque sei de ti a tua fome, tua noite de ferrugem
Teu pasto que é o meu verso orvalhado de tintas
E de um verde negro teu casco e os areais
Onde me pisas fundo.
Hoje te canto
E depois emudeço se te alcanço.
E juntos
Vamos tingir o espaço.
De luzes.
De Sangue.
De escarlate.
Hilda Hilst
domingo, 26 de agosto de 2007
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