Há hoje um silêncio
que é feito de horizontes.
Minha mente, antes nua,
percebendo preencheu-se
dessa poesia indispensável,
que vive além dos telhados.
Minha alma já sentiu
não haver urgência alguma
para as folhas amarelas
que se desprendem das árvores,
forrando as pedras das ruas.
Adoro esse silêncio...
nele palavras não se vergam,
voam reto em brancas nuvens,...
voltam leves aos meus dedos,
precedidas de altos sonhos.
Ah! Quem dera fosse
também indivisível...
o breve tempo das tardes,
onde todas as frases são versos
nos corpos entrelaçados.
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perere
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.
Rita Costa
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